Atualmente, a liberdade tem sido uma questão em pauta dentro dos círculos sociais. A ideia do "eu não sou obrigadx" tem permeado diversas mídias e discursos. Mas o que a Logoterapia e Análise Existencial tem a dizer sobre isso?
(Estátua da Liberdade - localizada em Nova York, Estados Unidos)
Segundo Frankl (1978; 2012), a Liberdade da Vontade é um dos pilares da Logoterapia e Análise Existencial (ao lado da vontade de sentido e do sentido da vida). É importante ressaltar que ela é indispensável ao ser humano - apesar de ter sido bastante obscurecida pela tradição psicológica, que a obscureceu através de outros conceitos, como os condicionamentos e as pulsões - e mais recentemente, me arrisco a dizer, os diagnósticos (via manuais médicos).
Mas Bruna, obscurecida como? Estes conceitos começaram a ser utilizados como justificativas para os comportamentos, escolhas, entre outros, dos sujeitos. Quem nunca ouviu um "ele faz isso porque é... (homem/mulher/tem determinado diagnóstico)?".
Mas calma. Não estou dizendo que as contingências não são importantes nas nossas decisões e ações. São, e muito! Mas elas nos influenciam, não nos determinam. Afinal, não somos livres de, mas somos livres para - ou seja, não somos livres das contingências (questões relacionadas ao meio externo e interno: herança genética, meio circundante, e até mesmo os condicionamentos), mas somos livres para decidir qual posicionamento tomar, apesar de tudo isso. Podemos até ser condicionados, mas não determinados (porque nossa dimensão noológica é indeterminada, como vimos aqui https://alogoterapiaeobvia.blogspot.com/2019/04/ser-humano-tridimensional.html). E, partindo desse viés, encontramos um outro conceito fundamental na Logoterapia: a responsabilidade.
(Estátua da Responsabilidade - projeto feito por Frankl e ficará na Costa Oeste, em complemento à estátua da Liberdade, que fica na Costa Leste dos Estados Unidos)
A responsabilidade é um complemento fundamental da liberdade, na medida em que, além de livres, somos seres únicos. Cada ser humano é um ser único, traçando um percurso de vida único e irrepetível, marcado por sentidos igualmente únicos e irrepetíveis - assim, nos tornamos responsáveis pelo nosso dever-ser.
Além disso, é importante ressaltar que, enquanto a liberdade se constitui enquanto um dos pilares da Logoterapia, a responsabilidade se encontra atrelada à consciência, e justas formam os dois fatores fundamentais da existência humana. Assim, ser pessoa é equivalente a ser-consciente-e-ser-responsável: perante um sentido, perante si mesmo, perante o mundo - pois precisa exercer com responsabilidade a sua liberdade da vontade.
Deste modo, o ser humano é livre e responsável.
Na atualidade, vemos muito mais uma culpabilização do que uma responsabilização. Culpamos os governos (atuais e anteriores), culpamos a sociedade do capital, culpamos o sistema que é desumano, culpamos as instituições de ensino que são adoecedoras. Mas e a nossa parcela de responsabilidade? O que nós temos feito para melhorar a situação da qual reclamamos?
Isso significa nos calar diante de injustiças? Não. Significa tomar a nossa parcela de responsabilidade - e atribuir a quem é de direito as suas respectivas parcelas ;)
Fontes:
Frankl, V.E. (1978). Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
Frankl, V.E. (2012). Logoterapia e análise existencial: textos de seis décadas. Rio de Janeiro: Forense
Universitária.
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