domingo, 23 de junho de 2019

#LogoterapiaeFilmes 1: Batman e a Atitude Fatalista

Eu não poderia começar por outro filme que não o Batman. Sou fã desde criança, já sei as falas dos filmes decoradas (tá bom, quase; mas já assisti várias vezes) - e foi um dos primeiros filmes nos quais eu vi a Logoterapia e Análise Existencial. Mas como Bruna? 


Bom, primeiro é importante relembrar um pouco da história da personagem. Bruce Wayne era filho  único do casal Wayne, e presenciou a morte de ambos durante um assalto, quando ainda era criança. Ele, então, jura vingança - mas por diversas razões acaba se tornando um justiceiro na cidade de Gothan City. Ele assume uma dupla personalidade: de dia, é Bruce Wayne: bilionário, playboy, magnata de negócios, filantropo e dono da corporação Wayne Enterprises. Pela noite, ele se torna o Batman


É importante ressaltar que Bruce não tem poderes mágicos, nem é filho de deuses, nem é um extra terrestre. Ele é humano, demasiado humano (como já diria Nietzsche) - e, apesar da sua humanidade, conseguiu se tornar o justiceiro de Gothan, auxiliando na luta contra o crime, através de treinamento, estudos e busca por aprimoramento constante. 
Poderíamos supor que um jovem, rico, porém sem seus pais (e que os viu morrer de forma brutal), teria necessariamente que se tornar um jovem "problemático". Contudo, vemos que Bruce Wayne escolheu um caminho diferente. Ele realizou um valor atitudinal e, além disso, foi contra aquilo que Frankl (2018) chama de atitude fatalista.


"Um herói pode ser qualquer um, até mesmo um homem fazendo algo tão simples e reconfortante como colocar um casaco em torno dos ombros de um menino, para deixá-lo saber que o mundo não tinha terminado"
(Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, 2012)


Segundo Frankl (2018), a atitude fatalista, ou simplesmente fatalismo, diz respeito a uma crença supersticiosa no poder do destino - no que diz respeito às situações interiores e exteriores. A pessoa, então, se percebe enquanto um ser que é e que não pode ser de outra forma; não percebe possibilidade de mudança devido à assim considerada "força superior das circunstâncias".
Bruce poderia ter caído no fatalismo, assim como muitos sujeitos em nosso cotidiano. Quantos não se rendem ao discurso de "é assim mesmo", "foi o destino", "é meu fardo"? Aliás, a pergunta central seria por que estas pessoas se rendem a esse discurso (e culpabilizam outrem pelo que lhes acontece)? A resposta pode estar justamente na esquiva da responsabilidade -  pois esta ainda está associada à julgamento e culpa, não à possibilidade de desconstrução e mudança. Assim, culpabilizando outrem, nesse caso o destino e as circunstâncias, eu me esquivo da minha responsabilidade perante as situações. 
Bruna, então estás dizendo que somos cem por cento responsáveis por tudo o que nos acontece?  Não. Tenho certeza que Bruce Wayne teria escolhido não ter perdido os pais. No entanto, isto lhe ocorreu e ele não teve oportunidade de escolher sobre isso - mas teve a oportunidade de escolher o que fazer, a partir e apesar disso.  Ele escolheu uma postura, livre e responsável, e encontrou o sentido de sua vida: ser um justiceiro e ajudar outras pessoas. 


"Não é quem eu sou por dentro e sim, o que eu faço é que me define."
(Batman Begins, 2005)

Referências:
- FRANKL, V. Psicoterapia para Todos: uma psicoterapia coletiva para contrapôr-se à neurose coletiva. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.

Imagens:


5 comentários:

  1. Muito bom! Gostei da explicação do comportamento do personagem sobre o viés da logoterapia, é uma premissa interessante, e é muito válida a reflexão quando fazemos uma analogia as mais variadas circunstâncias do nosso cotidiano, muitas pessoas tendem mesmo
    a culpabilizar os outros a fim de tirar o peso de suas ações dos ombros, acreditando assim ser uma atitude válida para evitar o sofrimento, contudo não percebem o quanto estão apenas intensificando o problema com esse comportamento de esquiva. @brunapires parabéns pelo blog. Tô na expectativa já por novidades. 😉

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    1. Muito obrigada pelo teu feedback! <3 <3
      E é exatamente isso. Há apenas esquiva do sofrimento, não a resolução deste - afinal, é muito mais fácil "culpar" o outro do que assumir que a responsabilidade é minha e, assim, assumir que eu preciso me responsabilizar por um processo de mudança e desconstrução ne??

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  2. Achei fantástico. Nunca havia pensado a história do personagem por esse viés. Depois da leitura percebi que faz total sentido toda a reflexão feita.

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  3. Cara que massa esse contexto do Batman, meus meninos vão adorar esse viés 😍🥰

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