quinta-feira, 17 de março de 2022

#LogoterapiaeMúsica3: Deja Vu (Pitty)

"Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais"

Lançada no álbum "Anacrônico" (Pitty, 2005), a música Déja Vu traz diversas reflexões pertinentes, especialmente quando o assunto são os valores vivenciais. Para compreender melhor, vamos analisar a letra mais de perto:


"Nem uma verdade me machuca
Nem um motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade já não dói

Nem uma doutrina me convence 
Nem uma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais"

Esses trechos nos trazem alguns indícios sobre a pessoa que está dialogando conosco através da música: é alguém que está perdendo a capacidade de sentir, de acreditar, de se sentir atraída por algo - e que é ressaltado através desses outros versos:
"Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai"

É alguém que, em outras palavras, não consegue mais encontrar sentido nas vivências cotidianas - que podem fazer sentido para outras pessoas: é só pensarmos nas pessoas que esperam ansiosas o início de uma nova série de TV, ou que seguem as ideias de uma determinada doutrina e se sentem motivades por isso. Mas será que nada mais faz sentido para essa pessoa? Há sim:
"Mas eu sinto que eu tô viva
A cada banho de chuva
Que chega molhando o meu corpo"

Quando ela fala sobre a chuva, ela está falando de uma vivência - e é fundamental ressaltarmos que Viktor Frankl (1985) já falava sobre vivências e da sua importância nas subjetividades individuais, uma vez que através das vivências podemos também realizar sentidos - e se você pensou nos valores vivenciais, acertou! Já falamos sobre as categorias de valores aqui: https://alogoterapiaeobvia.blogspot.com/2019/06/classes-de-valores.html.


Na música nos é dito que a chuva traz a compreensão de que ainda há vida naquele corpo - mas também traz esclarecimentos sobre aquilo que já não está mais lá, daquilo que foi perdido e daquilo que foi deixado para trás. Como foi deixado? Por que foi deixado? Não podemos desconsiderar que, em um mundo de excessos como o que estamos inseridos, em muitas situações deixar de lado é também uma tentativa de resistência, mesmo que não-consciente (inclusive, notem que nesse momento o vídeo volta a ter cores. Achei fantástica essa sacada! Parabéns equipe de edição *-*). 
A vivência do banho de chuva trouxe a compreensão de que a vida ainda está ali, e que merece ser vivida ainda mais uma vez, para que o banho de chuva seja sentido ainda mais uma vez. 
E você? Qual a vivência que faz sentido para você?

Referências:
Música: https://www.youtube.com/watch?v=His5BZcgxj8

Imagens: 
- https://veinaboua.wordpress.com/2012/01/11/deja-vu-pitty/
- https://imvdb.com/video/pitty/deja-vu

Livros:
- Frankl, V.E. (1978). Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
Frankl, V. E. (1985). Em busca de sentido. Petrópolis, RJ: Vozes.
- Frankl, V.E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Tempo de pausa e COVID - ou: sobre se manter produtivo e atuante e militante em tempos caóticos

Olá queridos e queridas :)

Como vocês devem ter percebido, houve uma pausa nas postagens daqui da página.

Essa pausa não foi programada, mas foi essencial - para que eu pudesse me reorganizar. Novas demandas, exigindo novos posicionamentos e novas formas de agir. Alguns valores sendo deixados de lado porque outros valores ganharam destaque. 

E em meio a toda essa situação, aqui estou eu. De volta :) E já volto para trazer um ponto para reflexão: por que precisamos nos manter produtivos - mesmo em uma situação completamente atípica, como é o caso de uma pandemia? 

Esse processo que vivenciamos durante a pandemia, infelizmente, não é novo ao ser humano. Vivemos em tempos de intensa desumanização do ser humano - está em dúvida? basta olhar com atenção as propagandas de produtos vendidos: a grande maioria se volta para que o ser humano não perca a sua produtividade - e em alguns casos até a aprimore: compre isto para que você não precise parar/ compre aquilo, para que você possa ser "mais"/ "compre tal coisa porque você não pode parar por uma "dorzinha de cabeça".... Mas algo se perde aí: a unicidade do ser humano. 

Por que a unicidade se perde? Por que ninguém sente a mesma coisa do mesmo jeito. Cada pessoa tem a sua forma de sentir, a sua forma de ser e estar no mundo. Cada pessoa tem o seu perfil de cansaço - seu nível mínimo e máximo; assim como cada pessoa tem a sua forma única e singular de relaxar e se reorganizar diante de uma situação estressante e cansativa.

Quando eu falo em unicidade, eu penso em singularidades - que, em uma sociedade que preza pela padronização e pela hiper produtividade, acaba se perdendo.


E você? Já parou para pensar sobre a sua singularidade? Em qual aspecto você a tem exercitado?

sexta-feira, 27 de março de 2020

#ReflexõesSobreoCovid19 : A quarentena e as classes de valores

Desde que o Covid-19 chegou ao Brasil - e com ele, a necessidade de isolamento social/ quarentena, algo que tem sido muito presente são os comentários a respeito desse momento. Foi inevitável lembrar de algumas questões que Viktor Frankl (1985; 2011; FIZZOTTI, 1996) trazia, em especial no que diz respeito às classes de valores (para quem não lembra, está aqui: https://alogoterapiaeobvia.blogspot.com/2019/06/classes-de-valores.html). 

O leitor há de convir comigo que estamos em uma sociedade marcadamente capitalista, na qual você precisa, necessariamente, estar trabalhando/produzindo para que você possa estar fazendo parte da sociedade (um exemplo são os "aposentados", cujo termo significa "estar recluso ao aposento/ quarto, e que muitas vezes adoecem depois da "aposentadoria"). Tudo gira em torno do trabalho: amizade, dinheiro, auto estima, metas, objetivos... E o que acontece quando tudo isso para de acontecer? Bem, é exatamente isso que está acontecendo atualmente, com o isolamento social. 

Trabalhar é adoecedor? É ruim para a humanidade? Não, de forma nenhuma. Inclusive Frankl (2016) ressalta a importância do trabalho, enquanto um valor criativo, como um elemento essencial na existência dos seres humanos. É a capacidade de criar algo, de dar algo para o mundo. Isso é um grande agregador de sentido à vida dos sujeitos... Mas não é só isso, porque temos também os valores vivenciais e atitudinais.

Contudo, a nossa cultura coloca o valor criativo em um patamar mais elevado, em detrimento às outras categorias. Você é aquilo que você produz - e isso sim é um fator de adoecimento aos sujeitos, porque em prol do lucro (do prazer e do poder), o sentido se esvai.


Quantas vezes em seu cotidiano você fez algo por prazer - nada necessariamente atrelado a ganhar dinheiro? Quantas vezes você deu uma pausa no seu cotidiano para aprender algo que você gosta - simplesmente por gostar, não necessariamente por ter lucro implicado? 

Talvez esse momento de quarentena seja uma oportunidade para refletir e re-aprender a vivenciar a experiência de estar-vivo ;)



Referências:
- Fizzotti, E. (1996). Conquista da liberdade: Proposta da Logoterapia de Viktor Frankl. São Paulo: Paulinas.
- Frankl, V. E. (1985). Em busca de sentido. Petrópolis, RJ: Vozes.
- Frankl, V.E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.
- Frankl, V.E. (2016). Psicoterapia e Sentido da Vida. São Paulo: Quadrante.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

#LogoterapiaeFilmes5 : Drácula de Bram Stocker e o sentido do amor

"Eu atravessei oceanos de tempo
para te encontrar"
(Drácula)

O filme Drácula de Bram Stoker (1992 / 128 min/ Columbia Pictures), foi dirigido por Francis Ford Coppola e teve a participação de Gary Oldman (Drácula - e o melhor Drácula da história do cinema, diga-se de passagem), Winona Ryder (Mina Murray), Anthony Hopkins (Van Helsing), Keanu Reeves (Jonathan Harker), Cary Elwes  (Arthur Holmwood), Richard E. Grant (Dr. Jack Seward). 


O filme conta a história do líder romeno Vlad Dracul, que, ao defender a igreja cristã na Romênia contra o ataque dos turcos, tem sua noiva Elisabeth enganada: esta crê que seu amado morreu e então atira-se no rio.Vlad, ao retornar da guerra e constatar a morte de sua amada, e a condenação desta ao inferno (devido ao suicídio), renuncia e renega a Deus e à igreja  - sendo assim condenado à sede eterna, ou seja, ao vampirismo. Quatro séculos se passam, e ele redescobre a reencarnação de Elizabetha, em Londres, agora conhecida como Wilhelmina Murray (Mina). Jonathan Harker, noivo de Mina, parte a trabalho para a mansão do Conde Drácula, onde irá vender dez terrenos na área de Londres para este estranho Conde. Lá é feito prisioneiro, enquanto o conde se encaminha à Inglaterra para reencontrar sua amada. 



Eu devo confessar a vocês: esse é um dos meus filmes preferidos. É uma adaptação do livro Drácula, de Bram Stoker (1897) - que também é um dos meus livros preferidos - e, quando eu soube que esse filme existia, saí correndo para assistir. E não me decepcionei! Ele aborda o amor e a (des)humanidade do ser humano com grande maestria: afinal de contas, até que ponto o ser humano é, de fato, humano? Quem é, afinal, o monstro da história? - são questões que ficam ecoando depois de assistir a essa obra prima.Mas nesse texto, iremos focar em um aspecto específico: o amor.

"O homem mais feliz da terra é aquele que encontra o verdadeiro amor"
(Drácula)

Primeiro e antes de tudo: Drácula ama a Mina? Para começo de conversa, é importante avaliarmos o histórico do Drácula. Ele estava em um relacionamento com a sua princesa Elizabeth, que cometeu suicídio ao receber uma carta que dizia que o seu amado havia falecido. Nesse momento, ele renuncia a Deus e à igreja e se torna vampiro.


Sem a sua amada - e sem um sentido para a sua vida, Drácula se volta para a vontade de prazer e para a vontade de poder: ele tem vários relacionamentos (um exemplo são as suas três noivas e depois, a Lucy) e deseja conhecer outros países e conquistar novos territórios - e em uma dessas, conhece Harker, que o ajuda a comprar uma propriedade em Londres.

"Noivas" do Drácula

Drácula e Lucy

Após reencontrar Mina, no entanto, os seus esforços se voltam para re-conquistá-la.
É importante ressaltar que o Drácula sabia sobre a reencarnação de Mina desde o momento em que ele viu a foto dela na carteira do Harker. Contudo, em vez de tentar apressar as coisas, ele permitiu que ela se apaixonasse por ele - e escolhesse ficar com ele ou não. Ele, então, respeitou a liberdade de escolha de Mina, coisa que os demais cavalheiros londrinos não fizeram.

"Eu a amo muito para condena-la" (Drácula)
"Então afaste-me de toda essa morte" (Mina)

E por falar em relacionamentos, abrirei um breve parêntese para um pequeno detalhe... Jonathan. Ele amava Mina?
Após ser aprisionado no castelo do Drácula, Jonathan se encontra com as noivas do Drácula e se envolve com elas. Depois, ao relatar o caso, Jonathan deixa claro que ele foi enfeitiçado... Mas será que foi realmente um feitiço ao qual ele não poderia resistir? Ou será que foi, novamente, uma sociedade que desresponsabiliza o homem quando o assunto é a sua sexualidade? Esse questionamento eu prefiro não responder, deixando a cargo do leitor a reflexão.


Além dessa questão, cabe refletir sobre a forma como Jonathan e Mina se relacionavam. Ao longo do filme, Jonathan escolhia o seu caminho e, por extensão, o da Mina - o que não era incomum para a época. Os relacionamentos se davam, muitas vezes, por formalidade. Os homens não viam a mulher como uma companheira, como um sujeito em sua singularidade; viam-na como um anexo, indispensável para a sobrevivência, mas descartável, caso não houvesse utilidade. Essa forma de se relacionar não pode, segundo a logoterapia, ser considerada "amor".

Então Bruna, Drácula e Mina se amavam?
- Drácula amava Mina - Por ela, ele enfrentou a morte, deixou de lado as suas riquezas e propriedades, abriu mão de outras regalias às quais ele poderia ter acesso e, além disso, ele a via em sua singularidade: respeitando-a e aceitando-a em sua subjetividade. 

- Mina amava Drácula -  Sim! Ela escolheu, de forma livre e responsável, se juntar ao Drácula: livre porque ela teve opções e, entre todas, escolheu uma; responsável porque ela decidiu arcar com todas as responsabilidades relacionadas - arriscando, inclusive, a própria vida, para estar ao lado dele quando ele estava morrendo.



"Nosso amor é mais forte que a morte"
(Mina)

Porque transcende o biológico. Porque transcende a mera paixão. Isso é amor.
E você, como tem amado? ;)

Referências:
- FRANKL, V. Psicoterapia para Todos: uma psicoterapia coletiva para contrapôr-se à neurose coletiva. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.
- Filme Drácula Completo - https://www.youtube.com/watch?v=WmRtEHi7Op0 



terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Feliz 2020!

Em 2019, pude realizar diversos sentidos - entre os quais, a reativação deste blog.

Como já dito em postagens anteriores, o "A Logoterapia É Óbvia" tem a finalidade de discutir assuntos relacionados à Logoterapia e Análise Existencial, trazendo uma visão embasada sobre essa abordagem que, apesar de contemporânea à psicanálise freudiana, ainda é pouco conhecida - e, por isso, ainda cercada por mitos e preconceitos.

Agradeço a cada pessoa que dispôs do seu tempo para a leitura das postagens. Para o compartilhamento dos conteúdos. Para a multiplicação da obra maravilhosa deixada por Viktor Frankl. O legado dele é imenso e maravilhoso - e merece ser discutido com rigor e embasamento.

Para 2020, eu desejo que possamos continuar trilhando neste percurso. Que mais vidas possam ser tocadas pela Logoterapia e Análise Existencial. Que mais sentidos possam ser descobertos - e realizados. E que mais e mais pessoas possam ter acesso ao legado de Frankl - e de seus seguidores e colaboradores.

Muito obrigada por 2019. E sigamos, que ainda há um ano inteiro de novas experiências e possibilidades!!!






quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Logoterapia e Religião - e a Psicologia como pano de fundo

Primeiramente, é importante ressaltar que meu papel aqui não é o de levantar bandeiras para uma ou outra religião, mas o de esclarecer uma questão muito comum em se tratando da logoterapia: a sua relação com a religião.



Muitas pessoas me procuram para estudar a Logoterapia com o seguinte argumento: "eu gostaria de seguir pela Logoterapia porque é uma parte da psicologia que respeita a minha religião"/ "é uma abordagem cristã"/ "tem tudo a ver com o Cristianismo". Queridos e queridas, sinto informar que esta informação está completamente equivocada, e eis algumas razões: 
1. Equivocada porque a intenção da psicologia enquanto um todo não é a doutrinação. Não é provar que a ciência está acima da fé, ou vice-versa, em nenhum aspecto, em nenhuma abordagem. Mas compreender o sujeito em suas diversas nuances e auxiliar esse sujeito a fazer modificações em sua vida - de acordo com as queixas apresentadas, de acordo com o contexto, de acordo com o sujeito e sua organização bio-psico-social. Isso sim é psicologia: uma ciência que não desconsidera as subjetividades dos sujeitos.


2. Equivocada porque a Logoterapia também não tem por intenção doutrinar ou pregar ou instruir pessoas a respeito de vertentes de ordem religiosa. Essa crença é muito comum, infelizmente, em especial devido à dimensão noética - traduzida para o português como espiritual. No Brasil, o espiritual tem conotação religiosa; contudo, é importante ressaltar que para a logoterapia não (para saber mais sobre, leiam esta outra postagem http://alogoterapiaeobvia.blogspot.com/2019/04/ser-humano-tridimensional.html).
Mas Bruna, e se chegar algum religioso para atendimento? O que faremos?


Acolheremos. Porque, antes de tudo, somos psicólogos - e a escuta é fundamental para o nosso trabalho. E antes de psicólogos, somos seres humanos - e aprendemos que a empatia é fundamental nas relações humanas.

ATENÇÃO: estou falando de uma perspectiva científica, uma vez que meu lugar de fala é da psicologia. Isso não impede que outras vertentes cientificas leiam e coloquem em prática a logoterapia. Já conheci logoterapeutas filósofos, médicos, padres, professores, pastores - e cada um deles associando a sua prática à Logoterapia.   


Referências:
Livros:
- Frankl, V. E. (1985). Em busca de sentido. Petrópolis, RJ: Vozes.
- Frankl, V.E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.

Imagens:



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

#LogoterapiaeFilmes4: Procurando Dory e a Vontade de Sentido

"Olá! Meu nome é Dory e eu sofro de perda de memória recente"


Na primeira vez em que eu assisti ao filme "Procurando Dory", eu simplesmente não consegui conter as ligações que meu cérebro começou a fazer entre o filme e a Logoterapia - e, por isso, fiz inclusive um evento "A Logoterapia é Óbvia" apenas para discutir as questões relacionadas entre os dois assuntos!


A história relatada em “Procurando Dory” acontece exatamente um ano depois dos eventos relatados em “Procurando Nemo”. Nesse sentido, o filme é organizado em flashes – que contam a história da personagem principal (ao mesmo tempo em que esta recebe as pistas sobre seu passado). 


Dory recebeu um diagnóstico devido à sintomatologia de perda de memória recente - tanto que ela é conhecida por esquecer as informações que lhe eram passadas. O diagnóstico não é dito ao longo do filme, mas é perceptível que as pessoas que conheciam a Dory temiam pela decisão dela de procurar os pais - o que, diga-se de passagem, ela consegue! 

“O homem não é livre de suas contingências, 
mas é livre para se posicionar perante elas”.
(Viktor Frankl)

Entre várias questões observadas no filme, eu escolhi, neste texto, focar especificamente em uma: a vontade de sentido, elemento que amarra todas as histórias transversais que aparecem no filme. 
Segundo Frankl (2011, p.50), a vontade de sentido “pode ser definido como o esforço mais básico do homem na direção de encontrar e realizar sentidos e propósitos" - isto é, é a capacidade unicamente humana de encontrar e realizar apesar das contingências e dos condicionantes aos quais estamos todos submetidos. 


Como a vontade de sentido pode ser observada no filme? Bom, como já relatado anteriormente, a Dory consegue encontrar os seus pais. Apesar de toda a descrença ao seu redor, apesar das dificuldades encontradas, apesar de todas as contingências e condicionamentos, a Dory consegue encontrar seus pais - e, no caminho, ainda auxilia diversos outros personagens a reencontrarem os sentidos das suas vidas. Ou seja: haja vontade de sentido, valores atitudinais e, como consequência, valores criativos e vivenciais ;)



“O que importa, logo, não são os condicionantes psicológicos, ou os instintos por si mesmos, mas, sim, a atitude que tomamos diante deles. É a capacidade de posicionar-se dessa maneira que faz de nós seres humanos”
(Viktor Frankl)


Referências
- Frankl, V. E. (1985). Em busca de sentido. Petrópolis, RJ: Vozes.
- Frankl, V.E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.

Imagens: