quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Logoterapia e Religião - e a Psicologia como pano de fundo

Primeiramente, é importante ressaltar que meu papel aqui não é o de levantar bandeiras para uma ou outra religião, mas o de esclarecer uma questão muito comum em se tratando da logoterapia: a sua relação com a religião.



Muitas pessoas me procuram para estudar a Logoterapia com o seguinte argumento: "eu gostaria de seguir pela Logoterapia porque é uma parte da psicologia que respeita a minha religião"/ "é uma abordagem cristã"/ "tem tudo a ver com o Cristianismo". Queridos e queridas, sinto informar que esta informação está completamente equivocada, e eis algumas razões: 
1. Equivocada porque a intenção da psicologia enquanto um todo não é a doutrinação. Não é provar que a ciência está acima da fé, ou vice-versa, em nenhum aspecto, em nenhuma abordagem. Mas compreender o sujeito em suas diversas nuances e auxiliar esse sujeito a fazer modificações em sua vida - de acordo com as queixas apresentadas, de acordo com o contexto, de acordo com o sujeito e sua organização bio-psico-social. Isso sim é psicologia: uma ciência que não desconsidera as subjetividades dos sujeitos.


2. Equivocada porque a Logoterapia também não tem por intenção doutrinar ou pregar ou instruir pessoas a respeito de vertentes de ordem religiosa. Essa crença é muito comum, infelizmente, em especial devido à dimensão noética - traduzida para o português como espiritual. No Brasil, o espiritual tem conotação religiosa; contudo, é importante ressaltar que para a logoterapia não (para saber mais sobre, leiam esta outra postagem http://alogoterapiaeobvia.blogspot.com/2019/04/ser-humano-tridimensional.html).
Mas Bruna, e se chegar algum religioso para atendimento? O que faremos?


Acolheremos. Porque, antes de tudo, somos psicólogos - e a escuta é fundamental para o nosso trabalho. E antes de psicólogos, somos seres humanos - e aprendemos que a empatia é fundamental nas relações humanas.

ATENÇÃO: estou falando de uma perspectiva científica, uma vez que meu lugar de fala é da psicologia. Isso não impede que outras vertentes cientificas leiam e coloquem em prática a logoterapia. Já conheci logoterapeutas filósofos, médicos, padres, professores, pastores - e cada um deles associando a sua prática à Logoterapia.   


Referências:
Livros:
- Frankl, V. E. (1985). Em busca de sentido. Petrópolis, RJ: Vozes.
- Frankl, V.E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.

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