Viktor Frankl, ao longo de sua obra, cunhou o termo tríade trágica. Existem duas "versões" da tríade trágica: a positiva e a negativa - porém, hoje, falaremos apenas da positiva.
A tríade trágica positiva é marcada por sofrimento-culpa-morte, e diz respeito a uma manifestação de ordem antropológica, isto é, que é comum a todos os seres vivos. Afinal, quem nunca sofreu? Quem nunca sentiu culpa? Quem nunca morrerá?
"(...) não há um único ser humano que possa dizer que jamais sofreu,
que jamais falhou e que não morrerá" (Frankl, 2011, p.94)
O sofrimento nos traz a possibilidade de ressignificação da nossa própria existência: amadurecer, aprender com ele, nos transformarmos em alguém diferente do que éramos. Afinal, quem sai da mesma forma diante de uma situação de sofrimento?
A culpa é um tipo diferente de sofrimento, pois a pessoa se considera responsável por o estar infligindo a si mesma ou a outrem. O que usualmente não paramos para pensar é que a culpa, na verdade, é um privilégio do ser humano - PRIVILÉGIO SIM!, porque nos dá a possibilidade de refletir sobre aquilo que falhamos e, deste modo, baseado em nossos sentidos, valores, em nossa liberdade e responsabilidade, mudar a situação e a nós mesmos.
Deste modo, o ser humano transforma a culpa em mudança quando toma uma atitude perante ela, quando a relaciona com sentidos, liberdade e responsabilidade, já que a culpa aparece na medida em que a pessoa não realiza as suas possibilidades de sentido.
A morte é um tema tabu em nossa sociedade. As pessoas tem medo de refletir sobre a finitude da vida - talvez porque vejam como um fim, como uma linha de chegada, mas não precisa ser assim! Porque quando falamos em morte também falamos em vida, falamos em sentidos realizados e a realizar até chegar no limiar, na "linha de chegada".
A vida é perene, é um sopro. Mas isso não faz com que ela perca o valor: muito pelo contrário! Isso que a torna ainda mais valiosa :)
Contudo, é importante ressaltar que acreditar que a vida tem um sentido auxilia o sujeito a suportar um grande sofrimento, a culpa ou a iminência da morte - justamente porque há a crença em um sentido último para toda a situação, para a vida de modo geral. A essa crença no sentido "apesar de tudo", Frankl denominou de Otimismo Trágico.
E você? Já parou para refletir sobre a forma como você tem enfrentado o sofrimento? Como você tem enfrentado as situações de culpa em sua vida? E a finitude?
"dar testemunho do potencial, unicamente humano, que, em sua forma mais alta, deve transformar uma tragédia em um triunfo pessoal, deve mudar a situação difícil em que o indivíduo está em um sucesso humano" (Frankl, 2005, p.33)
Referências:
Imagens:
- http://hoje.unisul.br/a-morte-como-imagem-da-vida/
- https://www.r2psicologia.com.br/o-sentimento-de-culpa/
- https://amenteemaravilhosa.com.br/culpa-patologica-sua-rede/
Livros:
- Frankl, V. E. (2005). Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida: Ideias e Letras.
- Frankl, V. E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.
- Frankl, V. E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus.
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