domingo, 18 de agosto de 2019

A Visão de Homem na Logoterapia: Antropologia e Ontologia Dimensional

Inúmeras são as tentativas de classificar "o que é o homem". Cada abordagem e cada teoria possui a sua, ancorada em sua filosofia e em sua forma de apreender o ser humano. Com a psicologia não poderia se diferente - cada abordagem da psicologia possui uma visão do que é o ser humano.
Frankl, em seus estudos, percebeu que muitas das abordagens da psicologia acabavam caindo em um reducionismo, preponderante nas ciências, que sustentava-se em uma visão de homem que concebe este como “nada mais que um complexo mecanismo bioquímico, alimentado por um sistema de combustão que leva energia a computadores com prodigiosos recursos de armazenamento de informação codificada” (Frankl, 2011). Frankl chamava a isto de reducionismo porque há a redução do homem a uma única dimensão sua - seja a biológica, seja a psicológica, ou muitas vezes a sua condição sociológica. 
Resultado de imagem para ser humano
(Seres humanos em sua constituição bio-psico-sócio-noológica)

Deste modo, em uma tentativa de também se contrapor ao reducionismo, Frankl expôs sua visão de homem a partir do que chamou de antropologia e ontologia dimensional, que leva em consideração as diferenças ontológicas e, principalmente, a unidade antropológica das referidas dimensões, e se funda em duas leis, que serão descritas a seguir:

1. Primeira Lei:
“Quando um mesmo fenômeno é projetado de sua dimensão particular em dimensões diferentes, mais baixas do que a sua própria, as figuras que aparecerão em cada plano serão contraditórias entre si” (Frankl, 2011). Um cilindro tridimensional, projetado para os planos bidimensionais na horizontal e vertical, resulta em um círculo – no primeiro plano – e em um retângulo – no segundo plano. Essas figuras parecem díspares se consideradas isoladamente; mas deixam de ser contraditórias quando percebemos o objeto em si, ou seja, o cilindro.

2. Segunda Lei:
“Quando diferentes fenômenos são projetados de suas dimensões particulares em uma dimensão diferente, mais baixa do que a sua própria, as figuras que aparecerão em cada plano serão ambíguas” (Frankl, 2011). Tem-se um cilindro, um cone e uma esfera (Figura 2); olhando apenas as circunferências, não restam dúvidas de que se tratam de três circunferências idênticas; as projeções não permitem que se perceba o que realmente há sobre as projeções, ou seja, o cilindro, o cone e a esfera.

(Primeira e segunda leis, respectivamente)

O que Frankl quis demonstrar com essas analogias - e, o mais importante, o que podemos aprender com elas? Que enquanto o ser humano for observado através das suas projeções físicas e psicológicas, a unidade do ser será perdida. Estaremos sempre atentando a um ponto, e esquecendo da unidade bio-psico-noológica. É importante ver o homem em sua totalidade, em sua unidade e, principalmente, em sua singularidade.

Referências:
Livros:
- - Frankl, V. E. (2011). A vontade de sentido: fundamentos e aplicações da Logoterapia. São Paulo: Paulus. 

Imagens:
- Não tenho referência da segunda imagem. Quem tiver, por favor, me repasse :)




Um comentário:

  1. Precioso artigo! Clareza, coerência, objetividade e precisão. Muito fácil compreender a Ontologia Dimensional de Viktor Frankl a partir desse artigo. Parabéns. Agradecemos.

    ResponderExcluir